quinta-feira, julho 20, 2006

quarta-feira, julho 12, 2006

Analisando peças de propaganda

Publicidade é uma área difícil. Eu sei. Ter a obrigação de produzir idéias brilhantes a cada campanha é difícil. Mas já estou cansada de ver comerciais explorando idéias manjadas. Como gosto não se discute, vou expor minha opinião a respeito de algumas peças. Se não concorda, também é livre para se expressar: é só comentar.

A primeira e mais óbvia é a peça da Vivo, que fala da promoção em que, após os 3 minutos iniciais da ligação, os outros 45 são gratuitos. Para quê usar uma mulher explicando ridiculamente uma partida de futebol!? Isto só serve para reforçar a imagem da mulher como absolutamente ignorante quando se trata de bola. Existem alguns exemplares da espécie assim (Raica de Oliveira inclusa), mas com tantas lutando para desfazer esta imagem (seleção de prata da última Olimpíada inclusa) a propaganda presta um ENORME desserviço.

A outra é a da Albany, que fala dos sabonetes específicos para homem e mulher. Tudo bem, vou dar o braço a torcer: não seria tão interessante se fizessem um comercial explicando que a pele masculina é mais oleosa, necessita de uma limpeza mais profunda e requer sabonete próprio. No entanto, o comercial exibido passa pelo mesmo problema daquele da Vivo - reforça preconceitos:

Mulher só come salada, homem come carne.
Mulher não faz atividade física (só lê), homem que malha.
Mulher só quer amor, home que só quer sexo.
E por aí vai.

Tantos e tantas lutando por igualdade e o slogan é "Homens e mulheres são diferentes". E depois, uma pilha de clichês. Ê (falta de) criatividade.
Sobre Albany, ainda me reservo o direito de discordar do slogan da linha: "Para quem quer ser diferentemente lindo". Seria muito mais elegante dizer "Para quem É diferentemente lindo". Desta forma, estaria elogiando o seu cliente e não, obrigando-o a adquirir produtos para "ser diferentemente lindo". Quem é, É. Não precisa ser cliente.

segunda-feira, julho 10, 2006

Um dia atípico

Estou triste e desanimada.
Não me pergunte o porquê.
Hoje, em vez de me divertir à toa, quero quietude.
Não me pergunte o porquê.
Mudar as coisas, agir, trabalhar? Não hoje.
Não me pergunte o porquê.

Tudo o que eu gostaria hoje era poder dormir um pouco.
E esquecer a pilha de itens que povoa minha cabeça.
Não quero decidir nada hoje.
Não quero comentar nada hoje.
Não me pergunte o porquê.

quarta-feira, julho 05, 2006

Trabalho X Você - Quem ganha?

Eu achava que a vida pessoal importava mais. E achava a música "Epitáfio", dos Titãs, absolutamente maravilhosa. Um trechinho da letra para quem não conhece/não lembra:

"Devia ter amado mais,
ter chorado mais,
ter visto o sol nascer.
Devia ter trabalhado menos..."

Tudo ia bem. Até ler um artigo numa edição da Você S/A, antiga, que falava sobre essa música. E nele o autor apontava a canção como um dos maiores mitos do mundo moderno. Defendia a hipótese de que se você parar "para ver o sol nascer" (ou melhor, "curtir a vida") vai perder um tempo precioso para o seu aperfeiçoamento, afinal, o mundo não parou de girar e os fatos não pararam de acontecer só porque você decidiu parar.
Acredito no aperfeiçoamento contínuo. Ler livros, revistas, jornais. Fazer cursos. Freqüentar palestras. Otimizar as rotinas. Mas acho que isto deve trazer um maior tempo livre, uma maior organização, uma melhoria na qualidade de vida. E não, mais trabalho, mais preocupação, mais estresse.
A tecnologia cuja promessa era fazer o trabalho por nós fez o contrário (ou fomos nós?). Hoje, o celular nos deixa ao alcance dos problemas o tempo todo. E embora ele possua o botão "desligar", pega mal estar indisponível quando existem tantos querendo a sua vaga. Acostumamo-nos tanto com as máquinas, que não cansam, não adoecem, não precisam de estímulo, que começamos a pensar as pessoas do mesmo modo.
Tenho uma preocupação há alguns anos: as pessoas que fazem de algo a sua vida. Pode ser uma faculdade, um curso qualquer, um emprego. Por exemplo, o local onde cursei todo o ensino médio exigia demais dos alunos. Os amigos com quem tínhamos mais contato eram aqueles que estudavam conosco. As conversas quase sempre estavam, direta ou indiretamente, ligadas à escola. Então, quando tudo terminou, bateu um grande vazio: e agora? Havia hiatos de 3 anos na vida de vários de nós. E se, pra nós foi assim, imagina o que acontece com quem passa 30 anos de vida se dedicando a trabalho. E lá está toda sua vida, seu assunto, seus amigos e inimigos. Quando se aposentar, como será? Mais do que perder dinheiro, muitos hoje se preocupam com a perda dos laços, da rotina. E não se aposentam.
Sobre esta relação tão profunda entre pessoas e trabalho, havia uma entrevista nas páginas amarelas da Veja com uma executiva alemã. Ela defendia a total separação entre a vida pessoal e a profissional. Nada de festas da empresa, celular ligado no final de semana ou horas extras. Inicialmente fiquei chocada com a afirmação dela de que não é possível/desejável ter amigos no trabalho e ainda não concordo. Mas outros pontos da teoria são válidos, já que têm como objetivo permitir que o funcionário cultive outras áreas da vida que não só a profissional.
Pessoas precisam recarregar as baterias. Respirar outros ares. Estes ares podem ser mais puros, poluídos, interessantes, monótonos. Mas que sejam diferentes. Só assim é possível ter idéias novas, ânimo, garra. Gosto de pessoas que imprimem sua marca pessoal no trabalho, que têm outros objetivos além de ganhar o salário no final/início/meio do mês. Que cultivam hobbies, lêem assuntos fora do trabalho, ouvem música, se divertem.
Acho que é delas que vêm as idéias que mudam o mundo.