sábado, maio 31, 2008

De Arnaldo Jabor:

"De um lado, São Paulo e a complexa experiência de Estado industrializado, rico e privatista. De outro, a voz dos grotões, onde o estado ainda é o provedor dos vassalos famintos".

Não preciso explicar porque não suporto esse cara.
E também não preciso dizer que o Jornal Nacional de quarta-feira fez parecer que a CSS (reencarnação da CPMF) é o fim do mundo. Com direito a texto ensaiado na abertura e tudo. Como se os preços tivessem baixado com o fim da CPMF. Como se a maioria do povo brasileiro pagasse CPMF. E o cúmulo é ouvir o presidente da FIESP (que com certeza não vive de salário) inventar trocadilhos com o nome do imposto. Queria ver se fosse da empresa dele que tirassem 40 bilhões de reais, como é que ele ficaria. Falar que é preciso reduzir os gastos é moleza...
Não, não comemorei o fim da CPMF...pelo contrário, fiquei revoltada como nunca, por ver comentários absolutamente políticos e desconexos da realidade na hora de justificar o voto pelo fim do imposto.
Não vejo ninguém querendo reduzir ICMS, por exemplo...Por que será?

sexta-feira, maio 02, 2008

tori amos

"...So you found a girl
Who thinks really deep thougts
What's so amazing about really deep thoughts
Boy you best praya that I bleed real soon
How's that thought for you

I said sometimes I hear my voice
And it's been here
Silent all these years

Years go by
Will I still be waiting
For somebody else to understand?
Years go by
If I'm stripped of my beauty
And the orange clouds raining in my hand
Years go by
Will I choke on my tears
'Til finally there is nothing left?"

Silent All These Years

desabafo + ou - político

<>

Não é do meu feitio escrever sobre convicções políticas. Até porque, assim como religião e futebol, é um assunto de consenso impossível. Mas depois de receber o enésimo email sobre o fato de o nosso atual presidente não possuir formação acadêmica, a paciência esgotou.

As pessoas têm a péssima mania de não refletir sobre as convicções que estão por trás de brincadeiras "inocentes". Já recebi piadas de todos os tipos. As mais inocentes se referem a erros de concordância (freqüentes nos discursos presidenciais) ou frases inusitadas, cheias das expressões populares que tantas vezes utilizamos. As piores tentam associar a (falta de) qualidade de nossa educação à formação do presidente. Já vi o nome do Lula ser utilizado até por profissional com doutorado que não consegue emprego ("ah, não consigo emprego, mas o que se pode esperar num país em que o presidente é analfabeto"). Não podia esperar silogismo pior.

Quando as pessoas fazem piada/comentário deste último tipo estão dizendo, ocultamente que a educação formal é o mais importante, que a vida, as experiências e dificuldades não substituem um diploma e que o sucesso alcançado por quem não seguiu o caminho tradicional de formação é inválido. E até errado, vergonhoso, etc. Engraçado como muitos falam isso sem acreditarem de verdade. Se não acreditam, porque continuam propagando este tipo de coisa? Não, isto não é besteira.

Para começo de conversa, normalmente as pessoas que não têm grande educação formal são as que mais a valorizam. Nessa valorização tem muito de intenção concreta (conseguir um bom emprego, um salário digno, etc), mas também de muito daquele desejo que nos acomete quando vemos algo que não tivemos. Então, nada mais idiota do que achar que o presidente não valorizaria a educação. Em boa gíria: "Fala séééério!".

Quanto a não ser capacitado para governar um país, eu pergunto: um diploma, seja de graduação, mestrado, doutorado, pós-doc, capacita um cidadão a ser presidente? Você, que com certeza já tem algum diploma na mão, se sente preparado para ser presidente? Ou mesmo vereador? Será que esta crítica não é um pouco de: "sou muito melhor que ele e não estou onde ele está"? Se a resposta é sim, é hora de se inspirar no Fiat Palio e rever seus conceitos =)

A educação formal é importante, não há o que de discutir quanto a este ponto. Mas ela não substitui outras qualidades, estas difíceis de se obter: habilidade de negociação, relacionamento, perseverança (perder 3 eleições é dureza...) e outras tantas. Lula possui estas características. Se não tivesse, não teria conseguido ajudar a mudar o rumo da organização sindical do país, representando 100 mil metalúrgicos em negociações com empregadores.

Os erros que ele cometeu, as inúmeras "crises" (algumas reais, outras nem tanto) podem ser atribuídos a diversos motivos: desconhecimento, maus assessores, até desonestidade. Mas nunca a sua falta de uma graduação. Se assim fosse, o presidente anterior (sociólogo, com honoris causa da Universidade de Coimbra) teria uma conduta impecável. Quem tem alguma memória bem sabe que não foi exatamente assim...

Então não venham me dizer que a situação atual é culpa do presidente atual. E também não venham me dizer que ele é um analfabeto incapaz. Se fosse assim não teria chegado onde chegou. O que não se quer enxergar é que algumas pessoas possuem características preciosas, que estão acima de qualquer banco de escola ou de universidade. O que não se engole é que uma pessoa possa obter sucesso sem seguir o padrão da sociedade. O que não se engole é que um discurso presidencial possa ser entendido por pessoas humildes e despertar risos na platéia. É simples? É rude? É cru? Sim, é. E daí?

Ver um cara humilde chegar no mais alto emprego público do país têm efeitos diversos sobre as pessoas. Noto que pra uma pessoa humilde, mas com auto-estima elevada, isto tem efeito estimulante. Se a auto-estima, a visão de si mesmo for negativa, vemos resistência. Talvez porque deixe muito claro que não é o diploma que diferencia o sucesso ou insucesso.

Não vejo como o fim da educação o presidente que temos. Pelo contrário: é um indício de que nossa educação precisa melhorar muito, para chegar no ponto em que nossos acadêmicos tenham o brilhantismo de comunicação, persistência e conciliação que ele tem.

Mas aí eu me penso que talvez não seja preciso criar novas escolas ou faculdades. Porque já existem professoras para estas matérias.

São a d. Dificuldade e a d. Vida.

< / modo conciliador e tranquilo ON>