quarta-feira, novembro 01, 2006

Indiferença. Individual. Quanta Idiotice!



Lula reeleito.
E uma miscelânea de pensamentos que só vão ganhar nexo quando eu puser no papel (ou no blogger).
Aviso de antemão que não faço idéia do que vai sair.
Você lê se quiser.


Estes últimos tempo tenho sentido como nunca as contradições de minha natureza sagitariana. Enquanto faço verdadeiro esforço para me auto-estimular e conseguir concluir o curso, reflito sobre as condições da natureza humana. É dispensável dizer que a vida prática ultimamente tem me tomado bem mais tempo, é só ver o tempo que passei sem postar por aqui. E não foi por falta
de idéia.
Bom, o cenário é a noite do último domingo, segundo turno. Tinha eu voltado para casa depois de ir às urnas e lá pelas 9 e meia da noite, quando já se tinha certeza (dessa vez absoluta) do resultado da eleição, mudei da Band para assistir o quadro "Ser ou não ser" no Fantástico. O resultado? Uma verdadeira tempestade mental.

Frase: "A indiferença é a banalização do mal".

Perfeita, não?
Eu achei.
E achei, porque ela resume toda a minha indignação com a situação atual.
Vivemos anestesiados, embriagados. Foi-se o tempo em que se dizia "Roubaram você? Que horror!!!!". Hoje se diz "Graças a Deus, pelo menos você está bem". Bem?!?!
E a indiferença vai bem mais além.
Na série, ela citou 3 indiferenças: a da elite pelos excluídos, dos excluídos pela elite, e da elite consigo mesma. Explico:

  • Elite pelos excluídos: faz com que as elites enxerguem os excluídos como "coisa" e não como seres humanos. Para mim, essa indiferença ficou implícita (e às vezes, explícita) nas falas de diversos "comentaristas" ao longo da campanha, que insistiam em dizer que o voto do povo estava errado, que o brasileiro é burro e não sabe votar. Tudo isso simplesmente porque
    as classes C e D resolveram votar por elas mesmas. E não pelas outras.
  • Excluídos pela elite: faz com que os pobres vejam a elite como inimigo a ser comabtido e contra o qual se pode fazer tudo, esquecendo-se do fato de que (apesar de tudo) merecem o respeito que deve ser concedido a qualquer ser humano. Esta indiferença justifica, por exemplo, o assassinato para roubar um tênis Nike.
  • Elite pela elite: faz com que a elite não queira enxergar a si mesma e queira viver sempre anestesiada. Daí uma venda tão grande de tranqüilizantes entre a classe, por exemplo.

(Esta última indiferença me levou a outra linha de raciocínio: o que há de verdadeiro, ou correto, na anestesia dos sentimentos? Porque sempre dizemos a alguém que chora: "tenha calma", "anime-se" e não permitimos que a dor tenha sua vazão? Lembro um trecho de Cazuza: "você sonhava acordada com um jeito de não sentir dor, prendia o choro...")

O caso é que depois de ver tudo isso tão estampado, fiquei com a sensação de que não estou fazendo nada para mudar. Vivemos numa sociedade injusta e individualista. Não fiquei surpresa ao saber que a solidariedade entre os jovens anda baixa. Não que os jovens não sejam solidários. Eles são. Mas com os semelhantes. O diferente não é semelhante. Logo, semelhantes são só aqueles que compartilham de nosso meio social, de nossas opiniões. A esses eu devo solidariedade. Ao resto, não.
E porque não faço nada? Porque só cuidar de mim mesma já toma tempo demais. E por que tanto tempo dedicado a si?

Porque vivemos numa sociedade individualista e injusta.

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