No final das contas, todos os conflitos, guerras, discussões, acabam versando sobre os mesmos pontos. Afinal, somos todos humanos e lá no cerne da questão, estão as perguntas básicas, estudadas desde o início do pensamento: "o que é a verdade?", "o que é o certo e o errado?", "qual é a natureza do homem?". No final das contas, estamos sempre em busca de alimento, proteção, segurança, companhia.
Num tempo de ócio produtivo ontem, me veio o pensamento de que todas as situações cotidianas que vivemos são pedaços de fractal. Explico: meu conhecimento sobre o assunto tende a zero, mas o que me fez associar foi o fato de que os fractais, ainda que em minúsculas frações, conservam em cada unidade a representação idêntica do corpo original.
Em cada atitude está presente toda a nossa complexidade. Não percebemos que em conversas cotidianas estamos confrontando visões de mundo, questões complexas. Quando dizemos: "ah, isto é absolutamente errado" e outro responde: "não, isto é correto segundo a cultura dele(a)" parece que estamos a debater meras opiniões. Na verdade, estamos falando sobre relativismo cultural, assunto que embora seja quase sempre colocado como verdade pelo senso comum (e defendido por pessoas esclarecidas) está longe de ser ponto pacífico no meio das Ciências Sociais.
O caso é que para adquirir conhecimento e exercitar a reflexão não é preciso ir aos grandes conflitos da História. Na discussão com seu vizinho estão os mesmos ingredientes que compuseram aqueles conflitos. Em menor escala, claro. Para ser maduro, não é preciso passar por experiências terríveis. A base do amor romântico pode ser aprendida com a amizade. A naturalidade pode ser aprendida observando a natureza. A conciliação pode ser aprendida em discussões com a família. É claro que este será um conhecimento prévio, mas absolutamente valioso. Quantos de nós passam a vida ansiando por experiências incríveis, sem nos prepararmos para elas, quando as lições já poderiam ter sido aprendidas no dia-a-dia?
Nossa tendência é achar que os princípios só se aplicam aos grandes problemas. É fácil dizer que todas as pessoas são boas. Também é fácil dizer que "fulano não me faz falta, não me faz diferença". Difícil é perceber a gigantesca contradição entre as duas frases. Fácil é dizer que não julgamos pela aparência. Difícil é procurar explicações positivas ou neutras para uma atitude que nos prejudicou.
Para aprender, basta termos olhos atentos, mentes questionadoras e uma sede insaciável por conhecimento. Não acreditar na primeira idéia, não procurar "a minha" verdade, martelar cada pensamento e não achar que estamos construindo o conhecimento do zero: na maioria das vezes, o caminho é se apoiar no ombro de gigantes. Dos verdadeiros gigantes.
segunda-feira, abril 21, 2008
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2 comentários:
ô nega... aff... vc me deixou pensando e pensando... quem somos nós? o que fazemos aqui? porque buscamos tanto sermos melhores e não diferentes? porque existem gigantes do conhecimento? porque o meu vizinho é um louco desvairado que adora tocar Prince às 03 da manhã?
aff, alek, adorei o post... bjos...
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