terça-feira, outubro 30, 2007

florbela espanca

"O meu mundo não é como o dos outros,
Quero demais, exijo demais,
Há em mim uma sede de infinito,
Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo,
Pois estou longe de ser uma pessimista;
Sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada.
Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade... Sei lá de quê!"


Desabafo da poetisa portuguesa Florbela Espanca.
Meu também.
E pode ser o seu.


domingo, outubro 28, 2007

post musical


Música faz parte de mim.
Se feliz ou em crise, não importa: ela está sempre presente.
Abaixo, um texto construído com versos das canções que me acompanham de uns tempos pra cá. Juntas, elas esboçam um quebra-cabeça sobre de onde vim, e para onde talvez eu vá.
Tem de tudo: Vienna Teng, Loreena McKennit, Capital Inicial. Até Sandy & Junior.
O autor pouco importa.
O que fica é a mensagem.



Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui.
Às vezes me olho no espelho e já nem sei mais quem sou. Havia, e ainda há, um medo e a timidez. Todo um lado que poucos viram e vêem.
Tive que abrir os olhos.
O difícil é que não consigo mais fechar e assim, assisto em silêncio até aquilo que eu não quero enxergar.

Ainda vejo o mundo com os olhos de criança, que só quer brincar e não tanta responsabilidade. E aí me forço a lembrar que é preciso muita força para sonhar e perceber que, apesar do que parece, a estrada vai além do que se vê.

Houve momentos em que todos os meus livros ficaram esquecidos, inúteis, porque só me mostravam como perder meu caminho.
Quis que alguém me dissesse "não vai ser sempre assim tão difícil".
Pensei: "Eu não posso mais ficar entre eles. Poderia passar toda a minha vida aqui, mas nunca estaria satisfeita."

Às vezes a solidão foi tão grande que me senti incompleta e repetia para o desconhecido: "não sou nada sem você. E para completar, não sei quem você é". Depois, decidi: a noite é minha companhia e a solidão, minha guia.

Cada manhã é mais um pedaço do meu caminho. Meu destino não é de ninguém e eu não deixo meus passos no chão. Sempre em frente, sempre tentando encontrar um mundo honesto, encontrar a verdade escravizada.

Muitas vezes sonhei acordada com um jeito de não sentir dor, prendi o choro. Hoje tento compreender e aceitar que a vida é uma sinfonia doce e amarga, que sou milhares de pessoas de um dia para o outro. E o melhor: que posso mudar.

Convenci-me que seria mais fácil fugir, substituindo essa dor por algo errado. Convenci-me de que seria mais fácil correr para longe do que encarar toda essa dor aqui, sozinha...lembrando da escuridão do meu passado, lembrando memórias que eu queria jamais contar.
Vou amando, me frustrando e sobrevivendo por um fio.

Mas estou aqui.

Sem desistir.

a volta daquela que tinha dado um tempo

Muito tempo sem escrever.
Sem escrever aqui, que se deixe claro.
Porque fora daqui, têm sido longos os textos.
Criados entre lágrimas e sorrisos. Jamais mostrados para alguém.
Conversas entre mim e eu mesma.
Fruto da eterna busca por respostas e alguma certeza.

A palavra que resume todo este intervalo de tempo é crise.
Crise que precede as mudanças.
Crise que acompanha as mudanças.
Crise que fica depois que as mudanças acontecem.
O que está mudando?
Eu.
O mundo.
Tudo.

Se já cheguei a algum resultado?
Digamos que sim.
Mas não são conclusivos.
(Haverá conclusão algum dia?)

Se eu poderia evitar tudo isto?
Digamos que sim.
Mas não quero.
Porque se o fizer continuarei resumida.
Confinada entre as quatro paredes que as circunstâncias construíram para mim.

Se está perto do fim?
Digamos que não.
Às vezes creio que o término nunca chegará.

Se estou feliz?
Hum...o que é estar feliz?
Se sou feliz?
Sim.
Felicidade que nem sempre se expressa através de sorrisos.
Mas que nunca vai completamente embora.
Ainda bem.