quarta-feira, abril 26, 2006

Sobre tecnologia, estrelas e crianças com frio (*)

"Mantenha os olhos na estrela"


Não, eu não quero dizer que se deve ficar de olho grudado no horóscopo. Ou que você tem que observar o céu porque está para vir um asteróide O que quero dizer é: para fazer algo, o que quer que seja, tem-se que manter os olhos fixos num objetivo que seja maior do que você, maior que sua limitada área de ação.
E eu simplesmente não sei mais onde está a minha estrela. Não consigo conceber a idéia de estudar e me dedicar tendo como estrela o enriquecimento das empresas. A cada vez que vejo seres humanos tranformados em criaturas piores que animais, penso em como a minha vida é de pouca utilidade.
Podem me chamar de sonhadora, idealista. É a história clássica: "Todos querem mudar o mundo, mas ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça". Para começo de história, gosto de lavar louça. E ajudar pessoas que realmente precisam me deixa imensamente feliz.
Sou alguém que gosta de pessoas. Que precisa de desafios intelectuais, que gosta de se sentir inteligente também. Mas que é capaz de ficar horas em profunda tristeza por ver uma criança com uma roupa esfarrapada trabalhando, enquanto adultos em jaquetas jeans tiritam de frio. Fica triste por não ajudar. Por ver passar por seus olhos tantas teorias, princípios e preceitos. Por não ver como estes princípios ajudam pessoas. Pessoas MESMO. Não apenas funcionários e clientes de uma organização. Não a diretoria de uma empresa. Não você mesmo. Mas alguém que precisa de conhecimento e amor mais do que você de dinheiro.
Isto não quer dizer que eu não precise de dinheiro. Pelo contrário. Como preciso. E a área que escolhi realmente tem grande potencial nesse aspecto para os que são bons. Mas como disse no começo, preciso de uma estrela onde fixar os olhos e na qual possa me apoiar quando os problemas vierem. Algum objetivo que faça valer a pena todos as pedras que serão arremessadas em minha direção.
Não que as pessoas que lidem com tecnologia sejam inúteis e que os cientistas pensem apenas em si mesmos. Não que as máquinas não possam trabalhar de forma útil para os humanos. É que apenas isto está tão fora da realidade onde vivo...
Talvez esta seja apenas mais uma crise existencial.
Talvez esta seja a última crise existencial.
Talvez seja uma mudança no rumo da vida.
Um sinal.
Talvez.
Pode ser que eu mude de idéia daqui a algumas horas.
Mas prefiro deixar o pensamento atual registrado.
Para fins de auditoria futura.

(*)Publicado originalmente em 30/08/2005 em http://spaces.msn.com/members/alekcheephany

Sem comentários: